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Simon Wiesenthal - O caçador de nazistas

Simon nasceu em dezembro de 1908, na cidadezinha de Buczacz, que pertencia à Polônia, integrante do Império Austro-Húngaro. Atualmente a cidade pertence à Ucrânia. Em 1939 a região foi invadida por Hitler e posteriormente entregue ao governo da União Soviética, com quem a Alemanha mantinha um acordo de guerra. Wiesenthal formou-se arquiteto no começo da década de 1930 e passou a trabalhar no município de Lvov. Em 1936 casou-se com Cyla Muller. Posteriormente, a região já estando sob domínio soviético, fora obrigado a trabalhar em uma fábrica de molas de cama. Apenas através de propina ele e sua esposa escaparam da deportação para a Sibéria. Após a ocupação alemã em 1941, ele e sua esposa foram designados para um campo de trabalhos forçados, ao leste de Lvov, para lidar com a reparação de estradas ferroviárias. Cyla conseguiu esconder suas raízes judias, por algum tempo, através de documentos falsos que foram fornecidos pela resistência polonesa, em troca de diagramas dos cruzamentos da via férrea que Simon obteve. Ele, no entanto, não teve tanta sorte. Simon passou por diversos campos, até que no dia 5 de maio de 1945, as tropas americanas libertaram o campo de Matausen, onde ele era um dos prisioneiros sobreviventes. Com mais de 1,80m de altura e pesando menos de 45 quilos, Simon estava bastante debilitado. Livre, descobriu ainda que toda a sua família fora exterminada pelos nazistas, perdendo mais de 80 parentes. Reencontrou apenas sua mulher, Cyla, que também fora presa e torturada. Em 1946 nasceu sua única filha, Pauline. Assim que sua saúde estava suficientemente restaurada, ele trabalhou primeiro para o serviço de inteligência dos norteamericanos e depois, em um apartamento em Viena, repleto de documentos o chão ao teto, deu início a caça aos criminosos nazistas e a coleta de provas para o Tribunal de Nuremberg. Simon teve um importante papel na captura de Adolf Eichmann, tenente-coronel das SS, sendo um dos responsáveis por arquitetar o extermínio dos judeus - através da “solução final”. Eichmann foi encontrado na Argentina, em 1960 e foi raptado por agentes israelenses. Wiesenthal havia decidido ser o porta-voz daqueles que não sobreviveram. Sua arma era pesquisar entre os documentos semidestruídos do Terceiro Reich alemão, procurando por cartas, fotos e testemunhos. Foi graças à documentação reunida por Simon que, em maio de 1961, Eichmann foi condenado à morte no tribunal de guerra em Israel, por crimes contra os judeus. Em 1967, Simon publicou suas memórias no livro “Os Assassinos Entre Nós”. Na ocasião do lançamento da obra nos Estados Unidos, ele anunciou ter localizado Hermine Ryan (cujo sobrenome de solteira era Braunsteiner), uma governanta que vivia no bairro de Queens, em Nova York. Ryan havia supervisionado o assassinato de centenas de crianças no campo de concentração de Majdanek. Depois da denúncia, ela foi extraditada pelo governo norte-americano para Alemanha em 1973, julgada e condenada à prisão perpétua. Tornando-se conhecido como “caçador de nazistas”, Simon também localizou o policial austríaco Karl Silberbauer, que prendeu Anne Frank e a enviou para a morte no campo de Bergen-Belsen. A Áustria, que fora aliada de Hitler, levou décadas para admitir sua responsabilidade nos crimes nazistas. Wiesenthal fora ignorado e muitas vezes insultado, até que aos 80 anos de vida, o governo austríaco finalmente reconheceu sua obra e lhe concedeu em vida mais prêmios e honras que a qualquer cidadão austríaco. O trabalho de Simon foi responsável pela prisão de aproximadamente 1.100 criminosos nazistas. Como ele costumava dizer: “Não existe liberdade sem justiça”. Simon frequentemente era indagado sobre qual motivo que o levara a se tornar um caçador de nazistas. Segundo uma reportagem publicada na revista New York Times (em fevereiro de 1964), Wiesenthal certa vez foi passar um Shabat na casa de um ex-prisioneiro do campo de concentração de Mauthausen, que na época era um joalheiro de sucesso. Após o jantar, seu anfitrião lhe indagou: “Simon, se você tivesse se dedicado à construção de moradias, você teria se tornado um milionário. Por que você não fez isto?”. “Você é um homem religioso”, respondeu Wiesenthal, “Você acredita em D’us e na vida após a morte. Eu também acredito. Quando chegarmos ao outro mundo e encontrarmos os milhões de judeus que morreram nos campos e eles nos perguntarem: ‘O que fizeram?’, haverá muitas respostas. Você dirá: ‘dediquei-me à ourivesaria’. Outro responderá, ‘Construí casas’, mas eu lhes direi: eu não me esqueci de vocês”. Wiesenthal continuou trabalhando no pequeno escritório de seu Centro Hebraico de Documentações, em Viena, até depois dos 90 anos, combatendo o racismo e os neonazistas. Simon Wiesenthal veio a falecer aos 96 anos, no dia 20 de setembro de 2005. Ele foi sepultado em Israel, por decisão da comunidade judaica internacional. Na ocasião de seu falecimento, o rabino Marvin Hier, fundador e reitor do Centro Simon Wiesenthal fez o seguinte pronunciamento: “Enquanto você vai para o seu descanso eterno, tenho certeza que há uma grande agitação no céu, pois a alma dos milhões assassinados durante o Holocausto nazista se preparam para acolher a Simon Wiesenthal, o homem que se levantou pela honra (dos que perderam suas vidas) e nunca deixou o mundo esquecê-los”.

Simon Wiesenthal colocando tefilin (filactérios), conforme é a tradição judaica, em uma viagem feita a Jerusalém.


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