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Josef Schafran - O judeu que participou da tomada de Berlim

Josef Schafran nasceu no dia 15 de fevereiro de 1915. Ele foi um homem de fibra, batalhador e honesto, que durante seus 81 anos de vida sempre procurou incentivar, alegrar e prestar apoio a seus amigos e familiares. Nascido em Wlodawa, uma pequena cidade localizada no leste da Polônia, onde corre o rio Bug Ocidental, ficava muito próxima da fronteira com a União Soviética, mais especificamente onde atualmente encontram-se os países de Belarus e da Ucrânia. Vindo de uma família tradicional, em sua juventude Josef costumava fazer frequentes viagens a cidade de Lublin, a cerca de 80 quilômetros de Wlodawa. Lublin era a cidade onde moravam seus avôs e onde ele acabou por estudar em uma yeshivá – instituição de estudos judaicos. Com o começo da Segunda Guerra Mundial, Josef, seus pais e seus 11 irmãos tiveram que fugir na esperança de não cair em mãos nazistas. No entanto, quase todos seus familiares foram capturados e tiveram seus pertences confiscados. Apenas Josef e seus irmãos David e Shlomo conseguiram escapar. Os demais parentes acabaram sendo enviados para o campo de concentração de Sobibor, que ficava a poucos quilômetros ao sul de Wlodawa. Josef, David e Shlomo acabaram fugindo para a União Soviética, no entanto, após cruzar a fronteira foram capturados e presos pelos soviéticos por estarem entrando ilegalmente no país. Em função disso foram encaminhados para a Sibéria, onde foram obrigados a participar de um campo de trabalhos forçados. Josef recordava-se que além do frio extremo (que por vezes chegava a -40º Celsius), eles também costumavam passar muita fome. Para tentar enganar o apetite, muitas vezes viam-se forçados a fazer sopa de cortiça. Além disso, era motivo de festa e comoção quando um cavalo viesse a morrer, pois isso significava que na sequência eles teriam uma refeição um pouco mais reforçada. Posteriormente, Josef acabou por se alistar ao exército soviético, tornando-se um combatente. Ele foi um dos soldados que participou da tomada de Berlim, em 1945. Ao final da guerra, Josef deixou o exército e foi até Almaty, para se encontrar com Dwora – uma jovem que ele havia conhecido anteriormente nessa mesma cidade, que se encontrava em território soviético. De lá eles acabaram indo para a cidade de Lodz, na Polônia, aonde vieram a firmar seu matrimônio. Em seguida, o casal acabou por se mudar para o campo de refugiados de Poking, que ficava próximo a Munique. Foi lá que nasceu o primeiro filho deles, no ano de 1947. A partir de 1949 os irmãos começaram a tomar rumos distintos. Enquanto David acabou imigrando para o Canadá, Josef, com sua esposa e filho, além de seu irmão Shlomo e mais alguns parentes que sobreviveram aos horrores do Holocausto, preferiram imigrar para Israel. Em 1955 Josef e sua esposa decidiram se mudar para o sul do Brasil. O destino deles seria Porto Alegre, onde Dwora tinha alguns parentes. Enquanto isso, Shlomo acabou optando por ficar em Israel. Ao se estabelecerem em Porto Alegre a família optou por residir no bairro Bom Fim, que é o tradicional bairro judaico da cidade. Josef foi dono do Bazar Avenida e de uma padaria que alcançou bastante sucesso graças aos seus populares cachorros-quentes. Josef sempre manteve contato com sua família no exterior e cuidou com muito carinho de sua esposa, dois filhos, nora e neta. Ele veio a falecer no dia 20 de janeiro de 1996, deixando muitas saudades e valorosas lições de vida. Ele nunca escondeu suas raízes e tampouco deixou de contar sua história de vida, compartilhando-a com seus amigos e familiares. Uma frase que ele costumava dizer serve para ilustrar a personalidade deste grande homem de fibra: “Quem sobreviveu a Hitler e a Stalin não acha o resto difícil”.

Foto do passaporte israelense de Josef Schafran, que ele usou pra vir ao Brasil


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