top of page

Leslie Schwartz - Sobrevivente condecorado com a Ordem do Mérito da Alemanha

Leslie Schwartz nasceu no dia 12 de janeiro de 1930, de uma família judaica tradicional, na pequena cidadezinha de Baktalórántháza, localizada no nordeste da Hungria. A Alemanha nazista ocupou a Hungria em março de 1944. Pouco tempo depois a família Schwartz foi levada para o gueto de Kisvarda, próximo a fronteira com a Ucrânia. Quando tinha 14 anos, Leslie desembarcou do trem com seus familiares. Ao participar da seleção feita na chegada ao campo de concentração, ele diz ainda recordar-se da sensação de Josef Mengele beliscando seus bíceps com suas luvas de couro largas. Enquanto Mengele fazia a avaliação, lhe foi pedido que ele se alinhasse com as outras crianças. Ao horizonte, era possível observar uma fumaça: “Eu sabia o que eles estavam fazendo, mas eu não queria acreditar”, relembra-se. Posteriormente ele foi dirigido para as barracas onde ficavam as crianças que tinham menos de 15 anos. Percebendo que “havia algo de errado” em meio àquela situação, ele conseguiu com a ajuda de um amigo escapar para a ala dos adultos e alguns dias depois conseguiu entrar em um comboio que levaria os homens para realizar trabalhados forçados em Dachau e em seus subcampos, que ficavam ao sul da Alemanha. Chegando lá, ele passou o ano carregando sacos de cimento até ferrovias e bunkers. Com o declínio do Terceiro Reich, frente às forças Aliadas, Leslie foi colocado a bordo de um “trem da morte”. Durante três dias, ele e mais de 3.500 prisioneiros ficaram sem comida e água a bordo. O trajeto acabou sendo interrompido de forma inesperada na região da Baviera. “De repente eu vi um dos oficiais da SS tirando o uniforme, colocando roupas de civil e abanando para nós. ‘Vocês estão livres!’” Leslie partiu em direção a uma fazenda próxima, mas sua fuga foi frustrada. Ele acabou por tomar um tiro e estando ferido, viu-se obrigado a seguir o atirador, que era um adolescente da Juventude Hitlerista, que o levou de volta ao comboio. As tropas aliadas estavam emitindo comunicados falsos via rádio e dessa forma eles haviam abalado a SS. No entanto, ao perceber o erro os guardas alemães começaram a atacar os prisioneiros, matando 54 deles e ferindo ao menos outros 200. A situação que já era bastante delicada tornou-se ainda pior quando aviões de combate americanos confundiram o trem dos prisioneiros como sendo de um transporte militar e por isso metralharam os vagões duas vezes. Leslie e outros prisioneiros procuraram se proteger, procurando se abrigar debaixo dos cadáveres. Dois dias depois, os soldados norte-americanos libertaram os prisioneiros. Leslie encontrava-se doente, tendo contraído febre tifóide. Por mais de um ano o jovem Leslie Schwartz vagou pelas ruas bombardeadas ao sul da Alemanha, usando parte de um uniforme nazista que havia encontrado em uma vala. Ele costurou o triângulo vermelho, que era sinal de que ele fora de prisioneiro na lapela esquerda, como uma maneira de mostrar que os nazistas não tinham conseguido matá-lo e que tampouco foram capazes de vencer a guerra. Enquanto estava no campo de desabrigados, em 1946 ele recebeu uma carta de um tio seu que havia emigrado para Los Angeles antes da guerra. “Nós temos uma fotografia sua de quando você era bebê”, dizia a carta. Animado por saber que tinha parentes nos Estados Unidos, Leslie apresentou a carta aos administradores do acampamento e pouco depois foi autorizado a embarcar no navio de carga americano Marine Perch. Nos Estados Unidos ele trabalhou em uma companhia de seguros, até que em 1972 iniciou um empreendimento na área gráfica. Em função dos negócios ele passou a fazer algumas esporádicas viagens para a Alemanha. Passados mais de sessenta anos do final da guerra Leslie mal conseguia dizer uma palavra sobre as angústias que tinha vivido em sua adolescência. Seus familiares sabiam basicamente que ele tinha sido baleado quando era mais jovem. Em julho de 2010 um conhecido sobrevivente do Holocausto, chamado Max Mannheimer, incentivou-o a relatar sua história nas escolas alemãs. Um público jovem ouviria seu depoimento e eles não tentariam arranjar desculpas para justificar o seu silêncio de seus conterrâneos durante a guerra, explicou Mannheimer. Desde então Leslie começou a viajar com mais frequência para a Alemanha e passou a apresentar seu testemunho para os jovens, até que em meados de 2013 ele recebeu a condecoração de Ordem do Mérito da República Federal da Alemanha, que corresponde a mais alta honraria civil oferecida pelo país. Tamanha distinção ocorreu em uma cerimônia realizada na cidade de Munique – há apenas 20 quilômetros de Dachau, onde ele fora prisioneiro durante o Holocausto. Leslie Schwartz chegou ainda a publicar um livro e participar da gravação de um documentário que conta sua história.

Imagem registrada em 2013, onde Leslie Schwartz exibe sua condecoração de Ordem do Mérito, que recebera do governo alemão.


Featured Posts
Recent Posts
Search By Tags
No tags yet.
Follow Us
  • Facebook Clean
  • Twitter Clean
  • Instagram Clean
  • White YouTube Icon
  • RSS Clean
bottom of page