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Johnny Pekats - Retornando a Auschwitz 70 anos depois do Holocausto

Nascido no dia 9 de abril de 1930, Johnny Pekats atualmente é um barbeiro aposentado, que reside na Flórida, nos Estados Unidos. Apesar de suas cicatrizes físicas já terem sido curadas há inúmeros anos, as memórias do Holocausto ainda lhe são bastante presentes. Foi em Auschwitz que ele perdeu sua mãe Miriam e sua irmã Sharon. Sharon tinha apenas 4 anos de idade e ele a definia como sendo uma menininha de olhos brilhantes que eram “a luz” de sua vida. Disposto a encarar seus pesadelos, uma última vez, Pekats fez parte de um grupo que revisitou Auschwitz, em janeiro de 2015. Mais de 300 sobreviventes se reuniram no local mais sangrento do Holocausto, em lembrança ao 70º aniversário da sua libertação. Nos últimos anos milhares de sobreviventes já haviam passado por aquele local. Mas não Johnny. Depois de tantos anos em recusas, algo o levou até Auschwitz. Ele dizia que antes de morrer era necessário trazer seu filho para conhecer aquele local. Além disso, ele sentia o dever de dizer uma oração (Kadish) - naquele mesmo solo - para Miriam e Sharon. Ele sabia que isso ia ser difícil. Muito difícil! Ao entrar no campo, ele passou pelo sinal com os dizeres “Arbeit macht frei” - O trabalho liberta. E nesse momento parece que algo lhe atingiu em cheio. Pekats parecia estar revivendo o ano de 1943, quando ele e seu irmão estavam descendo do vagão com Miriam e Sharon. Sua mãe, com 36 anos, se recusava a desistir de sua filha pequena. As duas foram então levadas, enquanto os jovens irmãos aterrorizados ficam estarrecidos apenas contemplando sua mãe e irmã pela última vez. “Oh Deus. Oh, Deus”, repetia, incapaz de controlar as lágrimas. “Este foi o lugar onde elas morreram. Este foi o lugar onde eles as levaram de nós. Eu posso ver isso. Eu posso ver isso! Por quê? Porque éramos judeus? Eu ainda não consigo entender. Eu ainda não entendo o ódio.” Durante a cerimônia lá estava Johnny Pekats, reunido com um número cada vez menor de sobreviventes. Em 2005, aproximadamente 1500 pessoas participaram da cerimônia de aniversário dos 60 anos da libertação de Auschwitz. Outro sobrevivente que estava participando da cerimônia, David Dario Gabbai, aos 93 anos, que havia viajado dos Estados Unidos para a Polônia relatou que até o próximo grande aniversário de libertação de Auschwitz, “o tempo vai ter exterminado quase todos nós.” Aos 85 anos Johnny Pekats finalmente retornou a Auschwitz. O barbeiro aposentado andou pelas diferentes áreas do campo de braço dado com Todd Pekats, seu filho de 49 anos, um executivo da área de tecnologia. “Quando eu tinha uns 13, 14 anos, ele iria retomar as memórias (do Holocausto), mas acho que ele ficava frustrado porque eu não iria responder da maneira que ele esperava”, disse Todd Pekats. “Talvez ele tenha imaginado que eu não me importava, que eu não estava interessado. A verdade é que eu me importava muito para realmente processar tudo aquilo.” Em meio as lembranças mais presentes de Johnny, ele reconta de alguém no desembarque do trem falando em Yidish aos recém chegados “Deixem os seus filhos, deixem os seus filhos”. “E eu pensei: ‘O que, deixem seus filhos? Isso não pode ser’.” Em vez disso, ele apertou forte na mão de sua irmã, mas quando se aproximaram de um soldado nazista com uma vara na mão, que separava aqueles que poderiam trabalhar daqueles que não podiam, sua mãe se virou para ele e disse: “Deixe-me levá-la. Você vai com o seu irmão.” Mais tarde, Johnny ouviu de outras pessoas no campo o que certamente teria acontecido com elas. “Você pode sentir o cheiro; é a morte que vem das chaminés. Foi horrível.”, relembra. “Eu tinha 14 anos - quando disseram: ‘Sua mãe não vai voltar.’” Johnny Pekats faz uma pausa antes da entrar em um ambiente escuro, onde já havia operado uma câmara de gás e o crematório. Então, segurando forte a mão de filho Todd, ele entra. Parados em frente a uma fornalha, ambos, pai e filho se emocionam e se põem em lágrimas. Pouco tempo depois, eles deixaram a câmara escura, retornando para a luz do dia. “Isso é terrível. Terrível, mas eu tenho o meu filho aqui e ele vê, agora ele vê, com seus próprios olhos. Ele vê o que aconteceu. Ele vai dizer a seus filhos.” Reiterando ainda o que acabara de ser dito, Johnny ainda diz: “Nós sobreviventes (do Holocausto) não queremos que o nosso passado seja o futuro de nossas crianças.”

Fotografia de Johnny Pekats, registrada na ocasião do 70º aniversário da libertação de Auschwitz.

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