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Alice Herz-Sommer - Como a paixão pela música lhe ajudou a sobreviver ao Holocausto

Alice Herz-Sommer, também conhecida como Alice Sommer nasceu no dia 26 de novembro de 1903, em Praga, no Império Áustro-Hungaro (posterior Checoslováquia e atual República Checa). Filha do comerciante Friedrich e de Sofie, ela tinha duas irmãs, incluindo uma irmã gêmea e dois irmãos. Seus pais tinham um salão cultural, que chegou a reunir escritores como Franz Kafka e Franz Werfel, compositores como Gustav Mahler e filósofos e intelectuais como Sigmund Freud. Alice passou a estudar com o pianista Checa Václav Štěpán no Conservatório de Praga, onde foi a aluna mais jovem. Ela se se casou com o empresário e músico amador Leopold Sommer em 1931. O casal teve um filho, Raphael. Ela começou a dar concertos e a criar uma boa reputação pela Europa, até que os nazistas tomaram a cidade de Praga. Eles não permitiam que os judeus se apresentassem em público, participassem de concursos de música ou dessem aulas para alunos não-judeus. Após a invasão alemã da Checoslováquia, grande parte de seus familiares e amigos emigraram para a região da Palestina. Alice decidiu ficar em Praga para cuidar de sua mãe que estava doente, Sofie, que já possuía 72 anos. Herz-Sommer lembra que naquela época as coisas não eram fáceis: “Tudo era proibido. Nós não podíamos comprar mantimentos, pegar o bonde ou ir ao parque”. No entanto, momentos mais difíceis ainda estavam por vir. Em 1942, os alemães prenderam a ela e a sua mãe doente. Sofie foi enviada e assassinada em um campo de concentração. Em julho de 1943 Alice foi direcionada ao campo de concentração de Theresienstadt. Lá ela precisou se apresentar em mais de 100 concertos, juntamente com outros músicos, para os prisioneiros e guardas. Sobre suas performances no campo, certa vez ela relatou: “Tínhamos de tocar, porque a Cruz Vermelha vinha três vezes por ano. Os alemães queriam mostrar aos seus representantes que a situação dos judeus em Theresienstadt era boa. Sempre que eu sabia que eu tinha um concerto eu ficava feliz. A música é mágica. Nos apresentávamos em um salão diante de uma plateia de 150 pessoas, sem esperanças, doentes e famintas. Eles viviam para a música. Era como comida para eles. Se eles não tivessem vindo (para nos ouvir), eles teriam morrido muito antes. E nós também!” Herz-Sommer foi alojada com seu filho durante seu tempo no campo de concentração. Ele foi uma das poucas crianças a sobreviver Theresienstadt. Em setembro de 1944, seu marido Leopold foi direcionado para Auschwitz. Posteriormente ele foi ainda para Dachau, onde acabou por morrer de tifo, apenas seis semanas antes de que campo fosse libertado, em 1945. As últimas palavras que Leopold dirigiu à sua esposa Alice em Theresienstadt salvaram sua vida, ela recorda: “Uma noite, ele veio e me disse que 1.000 homens seriam enviados em um transporte no dia seguinte - ele incluído. Ele me fez jurar que eu a não me voluntariaria a segui-lo, posteriormente. E um dia depois de seu transporte havia um outro, que as pessoas disseram foi um transporte para ‘esposas seguirem seus maridos’. Muitas mulheres se ofereceram para ir, mas elas nunca se encontraram com eles: Elas foram assassinadas. Se meu marido não tivesse me avisado eu teria ido.” Após a libertação soviética de Theresienstadt em 1945, Alice e seu filho Raphael retornaram para a cidade de Praga. Em março de 1949 ela emigrou para Israel, para poder se reunir com alguns de seus familiares. Alice viveu em Israel por quase 40 anos, trabalhando como professora de música na Academia de Música de Jerusalém, até emigrar para Londres em 1986. Seu filho se tornou um conhecido violoncelista e maestro, que veio a falecer em 2001, aos 64 anos, em decorrência de um aneurisma que sofreu em Israel ao final de uma turnê de concertos. Em Londres, Herz-Sommer vivia perto de familiares em um apartamento de um quarto. Ela era visitada quase diariamente por seus amigos mais próximos, seu neto Ariel e sua nora Genevieve. Ela ainda tocava piano três horas por dia até o final de sua vida. Ela afirmou que o otimismo era peça chave para a sua vida: “Eu olho para o que é bom. Quando você está relaxado, seu corpo está sempre relaxado. Quando você está pessimista, o seu corpo se comporta de forma que não é natural. Cabe a nós olharmos para o bom ou o mal. Quando você é bom com os outros, eles são bons com você. Quando você dá, você recebe.” Herz-Sommer morreu no hospital em Londres, em 23 de Fevereiro de 2014, aos 110 anos, depois de ter sido admitida dois dias antes. Alice chegou a participar da gravação de alguns documentários, dentre eles o curta-metragem, vencedor de um prêmio Oscar em 2014: A senhora no Número 6.

Registro de Alice tocando o piano. Hábito este que ela preservou até o final de seus dias.


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